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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Quanto vale uma imagem?

Se você pegar alguns livros infantis mais antigos, pode conferir: em muitos deles os ilustradores sequer estão citados na capa. Por muitos anos – e há quem pense assim até hoje – a ilustração sempre se posicionava em segundo plano, era como um apoio para o texto. Hoje há dezenas e dezenas de exemplo – e já vi muito escritor assumindo isso, ainda bem – em que não há livro completo sem a ilustração. Ou seja, ela deixou de ter papel coadjuvante para dividir a contação daquela história com o escritor. 

Agora quem ainda luta pelo espaço é o livro só de imagem. Não, ele não “serve” só para crianças que ainda não sabem ler as letras. Ele é mais, muito mais. “Ler um livro ilustrado é também apreciar o uso de um formato, de enquadramentos, de relação entre capa e guardas com o seu conteúdo; é também associar representações, optar por uma ordem de leitura no espaço da página, afinar poesia do texto com a poesia da imagem, apreciar silêncios de uma em relação à outra... Ler um livro ilustrado depende certamente da formação do leitor”, escreve a francesa Sophie Van der Linden, no livro Para Ler O Livro Ilustrado, que a editora Cosac Naify acaba de lançar no Brasil. É uma belíssima definição dos caminhos que ainda temos que correr e de quanto a nossa formação cultural e educacional ainda tem lacunas a preencher. Quais são nossas referências para ler uma imagem? Um paradoxo curioso disso a gente percebe com as crianças. O livro-imagem, principalmente para os ainda não envolvidos completamente com a dependência da palavra escrita, gera uma liberdade da leitura. Uma imagem, um desenho, uma cena pode nos  dizer muita coisa e coisas diferentes um para o outro. Coisas diferentes até mesmo do que o autor imaginou. Esta é a beleza de uma arte. “A ausência da palavra escrita exige mais da imaginação do leitor”, disse Isabel Coelho, editora da Cosac Naify, em encontro sobre o tema do qual participei semana passada na USP. E aí se instala outra contradição: quanto não ouvimos por aí que a imagem – seja ilustração, da TV ou do cinema – está limita ndo a nossa imaginação? Mas agora, ainda bem, vivemos novos tempos e o desafio é ter e dar acesso a mais livros somente com imagem (no Livros pra Uma Cuca Bacana, você pode procurar na seção “livros de imagem” e achar várias opções!). Mas há cada vez mais chegando ao mercado. Pegar um livro só de imagem é um exercício do olhar. É como nos emocionarmos com uma fotografia de Henri Cartier-Bresson, ou um quadro de Van Gogh. Se já nos rendemos a isso, por que esta resistência aos livros? Livro só de imagem é literatura, sim. E das boas. E precisamos estar com eles por perto para formar um leitor. 


Cristiane Rogerio é editora de Educação e Cultura da Crescer e adora se perder entre os livros.
Fonte: http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI232840-17926,00.htm
Imagem: Eva Furnari. Bruxa Onilda

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